O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes decretou nesta quinta-feira (13) a prisão do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). No entanto, poucas horas depois, a decisão foi revogada pelo próprio ministro antes que o militar fosse efetivamente recolhido ao batalhão do Exército.
Segundo o advogado Cezar Bittencourt, Cid chegou a ser conduzido para o quartel, mas não foi preso. A Polícia Federal confirmou que ele não chegou a ser detido e deverá prestar depoimento ainda hoje.
*Investigação apura tentativa de fuga*
A nova medida judicial ocorre em meio às investigações da PF sobre uma possível tentativa de fuga de Mauro Cid para o exterior, mais especificamente para Portugal. A Polícia Federal apura a atuação do ex-ministro do Turismo Gilson Machado, que teria tentado intermediar a obtenção de um passaporte português para o militar.
Gilson Machado foi preso nesta manhã em sua residência, no Recife, em mais um desdobramento da operação que mira aliados de Bolsonaro investigados por possível envolvimento em atos golpistas.
*Cidadania portuguesa*
A defesa de Mauro Cid confirmou que ele entrou com pedido de cidadania portuguesa em 11 de janeiro de 2023, três dias após os atos antidemocráticos que culminaram na invasão das sedes dos Três Poderes, em Brasília. O advogado sustenta que o pedido foi feito “única e exclusivamente” por motivos familiares, já que a esposa e as filhas de Cid possuem cidadania portuguesa.
A defesa também afirmou que o tenente-coronel não tinha conhecimento da atuação de Gilson Machado para obter um passaporte.
*Delator e peça-chave nas investigações*
Cid é peça-chave nos inquéritos que apuram a tentativa de golpe de Estado e a atuação de uma organização criminosa no entorno da Presidência da República durante o governo Bolsonaro. Como delator premiado, já prestou diversos depoimentos à PF e teve sua conduta monitorada de perto pelo Supremo.
O novo episódio envolvendo o ex-ajudante de ordens reacende o debate sobre o possível risco de obstrução das investigações e eventuais tentativas de fuga por parte de investigados.